A afetividade vem sendo
debatida e defendida há alguns anos por psicólogos, pedagogos, psicopedagogos,
profissionais da educação e saúde em geral. Porém, percebemos ainda uma grande
defasagem em prestar um serviço profissional que alie suas técnicas próprias à
uma interação eficaz de desenvolvimento de um relacionamento baseado no
emocional. Sabemos, portanto que quando o professor inclui a afetividade nas
suas ações, os resultados evidentemente são positivos.
Embora, sabemos que existe
uma grande divergência quanto à conceituação dos fenômenos afetivos. Na
literatura encontra-se, eventualmente, a utilização dos termos afeto, emoção e
sentimento, aparentemente como sinônimos. Entretanto, na maioria das vezes, o
termo emoção encontra-se relacionado ao componente biológico do comportamento
humano, referindo-se a uma agitação, uma reação de ordem física. Já a
afetividade é utilizada com uma significação mais ampla, referindo-se às
vivências dos indivíduos e às formas de expressão mais complexas e
essencialmente humanas.
Antes mesmo de pensarmos na
escola como ambiente para desenvolvimento da personalidade da criança, devemos
alertar para o fato de que esta criança, ao entrar na escola, já tem uma vida
cheia de experiências, estímulos e respostas que aprendeu a dar diante de
determinadas situações de sua vida diária.
Falar de afetividade na
educação requer algumas reflexões para entender a importância da afetividade no
desenvolvimento cognitivo e social do sujeito:
a) O fortalecimento das relações afetivas
entre professor e aluno contribui para o melhor rendimento escolar?
b) A afetividade é pressuposto básico para a
construção dos conhecimentos cognitivo-afetivo?
c) Há relação entre a afetividade,
desenvolvimento cognitivo e avaliação do rendimento escolar?
d) A afetividade quando mal resolvida inibe
as estruturas cognitivas?
A partir destas reflexões
podemos dizer que a afetividade no ambiente escolar contribui para o processo
ensino-aprendizagem considerando uma vez, que o professor não apenas transmite
conhecimentos, mas também ouve os alunos e ainda estabelece uma relação de
troca. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, expondo
opiniões, dando respostas e fazendo opções pessoais.
É importante destacar que a
afetividade não se dá somente por contato físico; discutir a capacidade do
aluno, elogiar seu trabalho, reconhecer seu esforço e motivá-lo sempre,
constituem formas cognitivas de ligação afetiva, mesmo mantendo-se o contato
corporal como manifestação de carinho.
Seguindo este enfoque, a
aluno também não é só aquele que aprende e é capaz de repetir o que lhe é ensinado.
Como declara Dantas (1992):
“Um aluno não é apenas uma criança de
tal família, não é apenas o membro de um grupo sociocultural. Ele é também
sujeito, com uma história pessoal e escolar. É um aluno que encontrou na escola
tais professores, tais amigos, tais aulas, e que teve surpresas boas e más. É
uma criança cujos pais disseram que o que se aprende na escola é muito
importante para a vida ou, ao contrário, que não serve para nada. É uma criança
que tem irmãos e irmãs ou não, que são bem-sucedidos na escola ou não, e que
podem ajudar a criança ou não, etc..."
Sendo assim, o ensinar é um
processo basicamente relacional, onde tanto o professor, como a escola e o meio
social. O aluno apenas o responsáveis pelo seu desenvolvimento, sucesso ou
fracasso e sim todo o conjunto sociocultural.
Sendo assim, cabe ao
professor saber relacionar-se bem com este aluno, mas será que é possível se
relacionar bem sem afeto? Como se relacionar sem considerar sentimentos,
desejos e necessidades, de ambos os lados: daquele que educa e daquele que é
educado?
A verdade é que, embora o
professor tenha alto nível intelectual e grande conhecimento de sua matéria, a
maneira como ele se relaciona com seus alunos será a chave do sucesso da
transmissão do que ensina.
Respeito pelas diferenças,
abandono de pré-conceitos, vontade de aprender e não de exercer poder, saber
ouvir, equilíbrio emocional, coerência, clareza de objetivos, saber elogiar em
lugar de priorizar os erros, todos são itens fundamentais na construção de uma
relação afetuosa do professor com seus alunos.
A criança precisa sentir
segura, acolhida e protegida por todos envolvidos no seu processo de
aprendizagem, e para tanto é necessário que a família, comunidade e escola
estejam sempre presentes. Partindo dessa teoria, verificamos a real necessidade
da participação de que todos estejam comprometidos, e com o mesmo objetivo,
demonstrando afetividade para que a criança possa ter condições de desenvolver
plenamente seu cognitivo.
FONTES
PARA REFERÊNCIAS
ARANTES,
V. Cognição, afetividade e moralidade. São Paulo, Educação e Pesquisa, 26(2):137-153, 2001;
COLL,
César. Contribuições da Psicologia para a Educação: Teoria Genética e
aprendizagem escolar. in LEITE, Luci Banks (org.). Piaget e a Escola de
Genebra. São Paulo: Cortez, 1987. 205p.
DANTAS,
Heloysa. A afetividade e a construção do sujeito. São Paulo: Summus, 1992.
Autora: Lourdes Alves de Souza
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